24.9.13

Falhar mais, falhar pior

Cada poema é um falhanço, a medida entre o que quis e o que obtive, a distância entre onde me propus chegar e onde as forças me deixaram. Já para não falar de amor, mas falamos sempre, sobretudo quando não dizemos nada, calados como um fósforo por arder. A poesia é também esse silêncio incompetente, onde não acontece por palavras o que não pôde acontecer por outros meios.
Quantos mais poemas foram escritos, mais longe ficámos, mais quisemos, mais loucos, mais sentimos acima das nossas possibilidades. Páginas e páginas como um cemitério de intenções, uma biografia que nos desautorizaram, um diário de noites mal dormidas.
E fica a inveja humilde mas sincera desses outros que nem sei se existem, os infames cabrões felizes e ágrafos, sem uma linha que se possa consultar. 

3 comentários:

  1. "...calado(s) como um fósforo por arder."
    talvez porque os teus olhos cor de mel são conversadores?
    ;)

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  2. esses felizes, sem uma linha que se possa consultar, são os mesmos que tentam desesperadamente escrever a sua história...

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