Cada poema é um falhanço, a medida entre o que quis e
o que obtive, a distância entre onde me propus chegar e onde as forças me
deixaram. Já para não falar de amor, mas falamos sempre, sobretudo quando não
dizemos nada, calados como um fósforo por arder. A poesia é também esse
silêncio incompetente, onde não acontece por palavras o que não pôde acontecer
por outros meios.
Quantos mais poemas foram escritos, mais longe
ficámos, mais quisemos, mais loucos, mais sentimos acima das nossas
possibilidades. Páginas e páginas como um cemitério de intenções, uma biografia
que nos desautorizaram, um diário de noites mal dormidas.
E fica a inveja humilde mas sincera desses outros que
nem sei se existem, os infames cabrões felizes e ágrafos, sem uma linha que se
possa consultar.
"...calado(s) como um fósforo por arder."
ResponderEliminartalvez porque os teus olhos cor de mel são conversadores?
;)
esses felizes, sem uma linha que se possa consultar, são os mesmos que tentam desesperadamente escrever a sua história...
ResponderEliminarencantadora descoberta..
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