14.11.10

Afrodite




Uma fronteira desenhada num papel branco tão branco. O que eu penso, o que eu sou, confina no traço escuro de uma mão que me é estranha e não me toca.
A dor é de dentro, o prazer, o frio, a solidão que vai aqui.
A forma é minha, a forma é desenhada e levada num olhar, nesses olhos que roubam e por isso espelham almas e gente e o que está dentro. O que tens, dá-me a tua forma, serves-me assim.
Cabem vidas inteiras no corpo magro de uma mulher.
As noites de um corpo voam no papel e queimam tudo, asas pequeninas de horas atrás de horas, voos tortos e tão pequenos. Dá-me um contorno que seja meu, um volume onde guardar o que me pesa.

3 comentários:

  1. Excelente poder de síntese.
    Pessoalmente, acho que também cabem muitas vidas nos olhos de uma mulher.

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  2. quero-te nos meus sonhos...

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  3. Este pequeno excerto...senti-o tão meu...Excelente escrita!

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