16.1.12

Horas

Por aqui como ficaram horas à solta.
Pelo meio das razões sobrou um tempo
que não tem onde dormir, que não tem lugar.
Se as casas fossem paredes ninguém morava,
as casas não são feitas de paredes.
quadros pendurados em nada e não caem,
ninguémconta, são tempo e sorrisos.
Os dias bons são todos vontade, são querer muito
porque nãomais nada, sonho.
vidas tortas e nem tudo o que se mete nelas
fica onde nos possa servir. Há vidas muito tortas.
As minhas melhores horas são tuas,
tenho-as  espalhadas por todo o lado.
Lembro-me por exemplo... mas tu também te lembras,
foi um dia feliz que apagou tristezas e fazia muito calor.
Queria agora o teu corpo e chamá-lo meu.
Trata bem do corpo que foi nosso, como do resto.
Se puderes pendura-nos as horas num sítio bonito,
elas precisam de sol, foi sempre assim.
Desculpa-me mas vou agora dormir contigo,
não é maldade, sonho e um cheiro que ainda sinto.
Amanhã ou depois será como tu queres, mas hoje não,
hoje tu não te foste embora e eu ainda me sei fazer amar.
Assim que te perdi procurei raivas que me cegassem,
uma cegueira boa, de olhos que não vêem.
Não sou capaz de ódio, fico aqui a brincar com as horas
e choro e rio como se amanhã fosse outro dia.
Vou agora despir-me e chegar-me a ti,
não faças caso, sou apenas uma lembrança.

1 comentário:

  1. Que belos poemas, tão belos que até nos fazem querer, de novo, esta coisa inútil e tola de se apaixonar.

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