23.1.13

Acordar um Dia XLVI


Acordar um dia do outro lado do dia. Ter alguém à minha espera e uma certeza de caminho nos pés.
Alguém que fuja comigo para fora de mim, capaz de roubar-me às tantas voltas que dei sem nunca sair daqui.
Um corpo curto de braços e apertado no peito, uma casa onde moro e onde não mora ninguém. Livros em cima de livros em cima de livros em cima de mim.
Alguém que me faça disto alguma coisa, que traga cheiros e palavras com sangue dentro.
Alguém que empreste só para eu poder pagar, com juros altos e impossíveis, numa dívida em que me enterre até ao Fim. 

5.1.13

Entrelinhas


Esse que por aí anda não sou eu
E se fala, e se posa, e se comenta até
É mais por desleixo do que vontade
Não tenho nada de muito para dizer
Quando me apetece falar, eu escrevo
Quando me apetece posar, eu durmo
Comento os meus sonhos com sonhos
E acordo os dias sem qualquer opinião
Se me virem, façam que não me vêem
Que eu ando por aqui, só entre as linhas
E quando terminar o verso, já eu me fui

 
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