Faz muito noite. Também faz frio, chuva e vento, que vento. Dois homens trabalham na linha do comboio. Tanto um como o outro.
Primeiro Homem: Está frio!
Segundo Homem: Está frio e vento. Venta muito.
Primeiro Homem: Toda a gente sentada ao quente e nós aqui... E eu que nem sequer ando de comboio. Estas linhas não me levam para lado nenhum.
Segundo Homem: As linhas não levam ninguém.
Primeiro Homem: Se os comboios pudessem andar por todo o lado não eram precisas linhas. Havia mais liberdade e menos noites ao frio.
Segundo Homem: Mas podia-se ir parar a qualquer lado, um engano do condutor e ia-se parar a qualquer lado.
Primeiro Homem: Mas assim só se pode ir para a frente, para onde está escrito.
Segundo Homem: Se calhar chega bem, não há muita gente a querer ir para outros sítios. Vai-se para lá e pronto... para onde está escrito.
Primeiro Homem: Mas são precisas as linhas, e com este frio...
Segundo Homem: Frio e vento, venta muito.
25.2.09
Dois homens e o vento
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Parabéns pelo blogue, Nuno!
ResponderEliminarEste diálogo... excelente! «Se calhar chega bem, não há muita gente a querer ir para outros sítios. Vai-se para lá e pronto... para onde está escrito.»
cool
ResponderEliminarOlá, obrigado pelo convite e cá estou eu de visita. Gostei do que vi e li, certamente voltarei mais vezes.
ResponderEliminarQuanto ao texto o que posso dizer é que nem sempre as linhas nos levam a lado algum e sem linhas podemos não chegar a ir. Quanto ao vento... é apenas asas que nos transportam para além do momento, do tempo e das limitações que por vezes nos impomos sem dar por isso.
Afgane
Obrigado pelo convite.
ResponderEliminarEste post relembrou-me um filme de Wong Kar Wai - 2046
As regras são precisas... mas devem ser entendíveis!
ResponderEliminar