26.4.12

Soma


A minha, o meu, e eu sem nenhum.
Sou apenas eu, e tão pouco às vezes.
O meu já anda, o meu aprendeu a falar.
O eu já dói e geme um pouco ao baixar.
Uma vida limpa, sem restos nem filhos,
ou amores a sério, ou obra que se veja.
Não estraguei nada e deixo o que achei:
um pedaço de ser quase por estrear.
Talvez um dia morra como quem desnasce,
as dores e os prazeres somados em nada
até à última casa decimal de porra nenhuma.
Terei aprendido às minhas grandes custas
A arte perfeita de apenas fazer horas.

1 comentário:

 
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