11.10.09

Cadernos de Perda II

palavras que se perdem por uma palha. Por erros, por esquecimento, por culpa dos dias. Ninguém perde uma perna que não conta, as palavras sim. A alguns sítios não se chega sem pernas nem certas palavras, mas nós sabemos rir e coxear vidas curtas cheias de cansaço.

lugares vazios onde as palavras correm à solta e gente sonha em agarrar gente. Nada é fundamental, nada é prescindível, sobretudo a certas horas. Levante o braço quem nunca acordou embrulhado em muito amor. Esse amor da manhã não é à prova de água, sai do corpo com sabão e fica às voltas muito tempo numa espuma branca que não é nossa.

As palavras também se perdem escritas, gritadas, gemidas, choradas, caladas em frente a uma pergunta. Levante o braço quem... pois. A um amigo como eu tiraram-lhe das tripas um quisto de meio quilo, mas ele sabia que era uma palavra posta ali com vergonha. O meu amigo diz agora que o silêncio é um ramo do fazer mal. Eu apalpo o ventre e vou dizendo que sim.

3 comentários:

  1. as palavras ajudam a explicar os actos , mas sem as atitudes , sem a presença ou um simples sorriso , elas nada significam ... são treta, ou falsidade
    ;)

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  2. O teu amigo tem razão: "O silêncio é um ramo do fazer mal."

    A paleta de sonhos também.

    E há ainda o dito: "Palavras leva-as o vento."

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  3. os teus textos comem-se como um surtido de biscoitos. sabores todos diferentes e apetitosos.

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