2.3.09

Acordar um Dia XVIII

Mesmo mesmo antes de acordar um dia, encontrar pelo sonho (meu, dele?) o colega da escola primária responsável por muitas dores nas canelas. Eu fingi que não o vi e ele fez o mesmo, não tínhamos nada a dizer nem mesmo em sonhos.
De qualquer maneira estava com bom aspecto o bandido.

1 comentário:

  1. Caro Nuno:

    “Mover algumas nuvens e outras coisas fundamentais.” ”Ninguém olhava de fora. Não havia de fora.” “Mas porra!” “Ler o atraso no despertador, no calendário e no espelho.” “...ela chegou sessenta e cinco anos mais cedo.”

    Uma pessoa que escreve coisas como essas só pode ser parabenizada. A sua capacidade de síntese em alguns “microcontos” como você mesmo gosta de chamá-los é impressionante. Em duas ou três linhas o leitor consegue ter uma “profunda visão geral”, se é que me entende, sobre o tema que aborda. Nos outros contos “menos micro” fica melhor ainda o uso de suas palavras que mostram ao leitor através de uma bem detalhada “fotografia literária” e nem um pouco “literatiça” o que todo leitor quer ver: o interior do conto, a paisagem, os ambientes, os cheiros, as fisionomias, as raivas, os carinhos, os queixumes e resmungos, a alma do autor, portanto.
    E isso você passa com uma clareza fantástica.
    Talvez eu não precise lhe dizer que tem a perfeita noção de que é mais que importante quando escrevemos: “Mover algumas nuvens e outras coisas fundamentais.” para que o texto tenha personalidade.
    A pior coisa que há num texto, ao meu modo de ver, é quando lemos duas ou três linhas e nos pegamos dizendo “mas porra!” Aí não dá. Ler aquela merda toda pra que? Não vai levar a lugar algum mesmo. Isso é o pior.
    Os seus textos instigam a continuidade da leitura e o que é melhor (pelo menos pra mim), a gente consegue “ver” o que está lendo. Eles têm um “quê” de spot comercial para rádio. Você tem que visualizar o carro, sentir o cheiro da pizza. É isso que digo sempre aos meus alunos quando peço que criem um texto publicitário para rádio.
    Os seus textos possuem com toda a certeza leitores que se ouvíssemos comentar o seu trabalho fatalmente os ouviríamos dizer que já haviam escutado de outros tantos leitores que ”Ninguém olhava de fora. Não havia de fora.” Seus textos não têm “de fora.” São puramente “de dentro”
    Gostei muito da visita para a qual me convidou e virei muitas outras vezes, com toda a certeza. Espero poder trocar mais com você. É sempre bom fazer amizades com pessoas do seu nível e espirituosas como você é. E se por acaso algum dia eu não perceber o tempo passar e “Ler o atraso no despertador, no calendário e no espelho.” pode ter certeza que estava lendo um texto seu e não me importaria nem um pouco em chegar atrasado ao compromisso que tivesse mesmo sabendo que “...ela chegou sessenta e cinco anos mais cedo.”
    Fique à vontade para visitar o propaganda e arte quando quiser e tecer os seus comentários.

    Grande abraço do Marco.

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