A falta
que faz uma bandeira do mundo. Um símbolo total que pudéssemos pendurar às
avessas e dizer que é como a gente, virada de borco com olhos cravados no chão.
São tantas as ideias que deram
as más voltas, parece até errado pensar muito. Quero ser chinês de nós,
americano com estrelas ao alto e um deus em cima. Não sei já quem me governa,
não sei quase nada nem se aqui estou.
Revisto os bolsos em busca de
uma licença de andar por cá, como antes do isqueiro, peço desculpa, senhor agente,
eu juro que poderia arder.
Mas não ardo, não sou, não
ando. Angolano de uma noite que não acaba nunca, e há quem me fale de um país.
A Europa é morrer lentamente
numa ideia, eu sei, eu sei bem o que é. Uma ideia azul como um mar que come a
gente. Há mil maneiras de comer um português, e, para quem somos, só isto basta.
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