9.10.11

Black Market

Eram três raparigas que riam, pareceu-me assim. Chegavam da rua e despiam os casacos à volta de uma mesa. Diziam coisas e olhavam em volta, eu estava perto com os dedos suspensos em cima do caderno, olhava para elas.
A música era alegre e havia fumo a subir de muitas bocas, pessoas com pessoas e elas e eu. Duas que se sentam e a rapariga loira num vestido vermelho pergunta a um casal que está à espera de outro, depois olha para mim e de novo para as amigas. Elas acenam-lhe para que avance, a rapariga aproxima-se.
Diz-me boa noite e sorri, aponta para a cadeira como se pedisse desculpa, posso? Digo-lhe que sim e vejo-a afastar-se. Fecho o caderno, apago o cigarro e bebo o que resta da cerveja.
Há noites em que estar sozinho é só estar sem ninguém. 

1 comentário:

  1. O estar sozinho pode ser um acto de solidão, ou apenas o acto HUMANO dessa observação de quem está a mesa e vê quem vem pedir uma cadeira, com um coração atento que observa e que pode sentir-se (ou não) SÓ.

    Estas só pode ser delicioso ou terrível, mas é sempre um percurso de aprendizagem do real. e de nós mesmos.
    Estar só - não ter ninguém à mesa - pode ser estar a convidar a vida e a vê-la pelo prisma da noite.

    Abraço,

    Maria

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