Acordar um dia com o futuro amarrotado e sujo.
Alguém me engelhou a vida enquanto dormia, uma maldade inútil.
Saio à rua sem o futuro e vejo outros como eu. Alguns escondem a pilinha por detrás de ideias muito esfarrapadas, outros riem, há quem voe como se nada importasse.
Vêm senhores de outros países olhar para a gente, dão-nos moedas e nós bebemo-las porque não temos bolsos nem temos nada. Os senhores dão-nos beijinhos na melancolia e depois partem porque se faz tarde. Nós ficamos, porque somos daqui, porque sublimámos o tempo à força de o não ter.
Saio à rua sem o futuro e vejo outros como eu. Alguns escondem a pilinha por detrás de ideias muito esfarrapadas, outros riem, há quem voe como se nada importasse.
Vêm senhores de outros países olhar para a gente, dão-nos moedas e nós bebemo-las porque não temos bolsos nem temos nada. Os senhores dão-nos beijinhos na melancolia e depois partem porque se faz tarde. Nós ficamos, porque somos daqui, porque sublimámos o tempo à força de o não ter.
Ficamos assim quietos entre o mar e o estrangeiro, numa falha de mundo feita à nossa medida. A aprender coisas secretas e a deitá-las ao ar, ocupados no exercício louco de ser vento.
Num dia desatento serão os peixes a pescar-nos para o fundo, e nós vamos, nós vamos sem nada que nos prenda.