É este um povo demente
De bandeiras na janela
E o avô no hospital
Gente pobre e doente
Cravo murcho na lapela
E galinhas no quintal
Gente estranha infeliz
Que canta em vez de chorar
Rosto murcho insolente
Em surdina alguém diz
Já morreu em nós um mar
É este um povo demente
Madrugada nua e crua
Olhos brancos de remela
Marcha forçada brutal
Vai o povo pela rua
De bandeiras na janela
E o avô no hospital
Na margem de uma avenida
Pára um carro e ao volante
Um bigode de cliente
Desce uma Rosa Maria
Passo torto e minguante
Gente pobre e doente
E há um velho ainda ledo
Encostado a uma capela
Que se chama Portugal
Canta um fado do Alfredo
Cravo murcho na lapela
E galinhas no quintal
(Versão do "Há Festa na Mouraria" de António Amargo e Alfredo Marceneiro, publicada na Revista Minguante)
15.1.09
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