E em desencontro ao sonhador de fábulas muito se enfadou um dia o bom Deus. Do alto do seu divino arbítrio, que é eterno e justo e bom, Deus viu o fabulador e nos pergaminhos da sua alma leu grandes infâmias e grande desacordo. E de todas as invenções de mau engenho, nenhuma Lhe era de maior vileza do que essa de artes mui contra natura, de fazer de um animal um homem e de um homem fazer besta sem baptismo. E assim o bom Deus resolveu castigar o fabulador.
Por todos os seus dias na terra, o criador de fábulas haveria de ser confundido e teria muitas dores e grandes aflições. Ao nascer de cada aurora, com os primeiros raios de sol que acordam quantos dormem o sono tranquilo dos filhos de Deus, o fabulador sentirá grandes sobressaltos. Os seus braços se abrirão num despedaçar de carnes e sangue e outros braços surgirão onde esses haviam sido. A sua face haverá de derreter-se como água do gelo e no seu lugar uma outra surgirá igual à que se perdera. Os seus olhos haverão de mirrar e cair das órbitas juntando-se ao pó dos caminhos. No seu lugar outros olhos se farão, tão iguais e perfeitos aos que antes foram.
A cada dia por sobre a terra, o fabulador se transformará em si mesmo com grande estupor e espanto. A cada dia ele deixará de ser para voltar a si, no mesmo corpo que sempre foi e que sempre será.
Que assim se cumpra a vontade de Deus e a pena do sonhador.
Belo teu Sonho Nuno! Um grande abraço do amigo que te lê e me sonha como a ti. Obrigado.
ResponderEliminarCristiano Siqueira.
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